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Ao norte de Portugal portas e janelas em um azul vivíssimo. É a personalidade declarada em alto e bom som da remota, e simpática, aldeia de Piódão. Os traçados antigos e irregulares das casinhas formadas por pequenos blocos de xisto estão encrustados na paisagem. Parece que sempre estiveram lá; nasceram para estar lá. A aldeia traz consigo a missão de valorização de algo que está desaparecendo, o mundo encharcado de história; o que é antigo. Bom saber que esse mundo tem continuidade.

Séculos na história separam a atual Piódão do seu primeiro ano de vida. Atraídos pelos verdes campos da Serra do Açor os pastores levavam ali os seus rebanhos. Diz a história que esses pastores seriam os Lusitanos, habilidosos criadores de cavalos que habitavam a Serra da Estrela. O tempo passou e a população foi aprendendo a subsistir na região, conquistando cada vez mais espaço na Serra.

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Hoje, chegar até Piódão é experimentar todas as características de um roteiro para uma aldeia remota. Um trajeto sinuoso e que por vezes passa por estradas que cabem apenas um carro; a emoção fica por conta dos precipícios. Contudo, quando chegar lá terá uma experiência única; o que se vê ali é peculiar.

O passeio é sobretudo exploração. Em um trajeto ascendente, ter tração nas pernas é fundamental se quiser desbravar cada ruela do povoado. Se ler o mapa e acessar o vilarejo entenderá o emprego da palavra desbravar e explorar. Há restaurante onde não parece ter um, há também um chafariz onde poderia jurar que não encontraria nenhum. Cada esquina é uma surpresa, e uma nova conversa, verá isso quando encontrar com os moradores sentados na frente de suas casas ávidos para bater um bom papo. 

​No roteiro por Piódão

As Capelas das Almas e de São Pedro e a Igreja Matriz, localizada na base do vilarejo. A fonte dos Algares e a Praia Fluvial, um balneário com boa infraestrutura capaz de apaziguar o calor em pleno verão europeu.

E se lá pelas tantas a fome bater o restaurante O Fontinha serve comida típica da região em um ambiente rústico e acolhedor em uma das casas do vilarejo. Para chegar lá pegue a rua Manuel Nunes Pacheco, siga em frente e chegando ao cruzamento vire à direita – caminhando mais 16 metros está o chafariz e em frente o restaurante.

E se quer curtir mais a bucólica calmaria da aldeia é possível se hospedar em uma das pousadas de Piódão.

Perigo dos incêndios florestais

Se está planejando ir a Piodão, pense bem na época do ano escolhida para o passeio. Se estiver indo no verão, saiba que a região é bastante quente, com temperaturas atingindo quase 40 ºC durante o dia. Porém, o maior risco da estação são sem dúvida os incêndios florestais. A região de Piodão, assim como as demais regiões serranas do interior de Portugal, é coberta por florestas. No verão, estas florestas normalmente encontram-se bastante secas, com o chão forrado de folhas e com vários pontos dos seus troncos cobertos por uma resina inflamável. Aliado a isto, fortes ventos também são comuns na região. O resultado desta combinação? Incêndios florestais extremamente intensos, com uma propagação de chama muito rápida e potencial de gerar muitos estragos. Não é incomum a ocorrência de mortes nas rodovias da região nesta época do ano. Isto ocorre porque as rodovias das serras do interior de Portugal são muito sinuosas, estreitas e cercadas pela floresta. Como a velocidade de propagação dos incêndios é muito rápida, pode ocorrer que o motorista passe próximo de algum foco de incêndio em um ponto e encontre a estrada bloqueada pelas chamas mais à frente. Ao tentar retornar, o foco de incêndio que parecia longe na ida já ultrapassou os limites da estrada em outro ponto, cercando o motorista. Desta forma, os focos continuam se aproximando, até chegar um ponto onde o motorista não conseguirá mais escapar. Esta descrição, embora possa parecer exagerada, não é! Jamais subestime os incêndios florestais desta região, pois eles atingem proporções catastróficas.

Em 2017, em um único incêndio florestal, foram registradas 64 mortes, muitas delas de veículos que ficaram encurralados pelas chamas.